Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O
trabalho forçado no mundo ainda é possível porque a maioria dos países
não adota sanções suficientemente severas para impedir a prática, diz a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) em relatório preparatório
para uma reunião sobre o tema, que será realizada neste mês em Genebra,
na Suíça. Na reunião, a OIT discutirá possíveis medidas para
complementar as convenções 29, sobre trabalho forçado, e 105, sobre a
abolição do trabalho forçado. O Brasil é signatário de ambos os acordos.
Atualmente, há quase 21 milhões de pessoas em situação de trabalho
escravo, dos quais a maioria são mulheres, tanto crianças quanto adultas
(11,4 milhões).
"Ainda que a
maioria dos países tenha adotado uma legislação que penaliza o trabalho
forçado, a sanção nem sempre é suficientemente severa para ter um
efeito dissuasivo, pois, em alguns casos, limita-se a multas ou a penas
de prisão demasiado breves", ressalta o relatório.
Segundo a
OIT, a iniciativa privada concentra a maioria dos empregadores de
pessoas em situação de trabalho escravo, especialmente nos setores
doméstico, da agricultura, da construção, da indústria e do
entretenimento.
Algumas
ações no Brasil foram citadas no relatório como exemplo de políticas
para combater o trabalho escravo, como os planos de Ação contra o
Trabalho Escravo, de 2003 e 2008; as medidas de prevenção e reinserção
do trabalhador no mercado; a atuação do Grupo Especial de Inspeção Móvel
- as caravanas contra o trabalho escravo - e a abertura de agências de
emprego em locais onde há mão de obra escrava. O Bolsa Família também
foi citado como forma de combater o trabalho forçado, por tratar de
causas estruturais - como a pobreza extrema.
Atualmente, a pessoa ou empresa que for encontrada empregando mão de obra
em situação de trabalho escravo no Brasil deve pagar uma multa, os
salários atrasados dos trabalhadores, as indenizações para reparar os
dados causados às vítimas e contra danos coletivos causados à sociedade.
Ainda tramita no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) do Trabalho Escravo, que prevê a expropriação de terras urbanas e
rurais onde for comprovado o uso desse tipo de trabalho. A PEC já foi
aprovada pela Câmara dos Deputados e precisa passar pelo Senado, o que
deve ocorrer ainda neste ano.
O infrator
ainda pode ser incluído na lista suja do Ministério do Trabalho e
Emprego, após decisão administrativa sobre o auto de infração lavrado
pela fiscalização. Com o nome na lista, o empregador é impedido de ter
acesso a crédito em instituições financeiras públicas, como os bancos do
Brasil, do Nordeste e da Amazônia, e aos fundos constitucionais de
financiamento. O registro na lista suja só é retirado quando, depois de
um período de dois anos de monitoramento, não houver reincidência e
forem quitadas todas as multas da infração e os débitos trabalhistas e
previdenciários.
Edição: Nádia FrancoExtraído: Agência Brasil
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