Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em audiência pública conjunta das comissões de Educação e
de Assuntos Sociais do Senado hoje (12) para discutir o Projeto de Lei
do Senado 268/02 que regulamenta o exercício da medicina, conhecido como
Ato Médico, a coordenadora do Departamento de Gestão e da Regulação do
Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde, Miraci Mendes, defendeu que
haja mais tempo para o diálogo sobre os pontos polêmicos do projeto na
busca de construir um consenso entre profissionais de saúde.
O projeto determina as atribuições que serão exercidas
exclusivamente por profissionais formados em medicina e gera polêmica
entre profissionais de áreas como psicologia, nutrição e fonoaudiologia,
que se sentem prejudicados alegando que sofrerão restrição em suas
atividades.
Segundo Miraci, o ministério tem se reunido com conselhos
profissionais para construir um entendimento e pôr fim à polêmica em
torno do projeto que tramita no Congresso Nacional há dez anos. “Nossa
posição é pelo diálogo. Pelas conversas que temos feito com os vários
conselhos, estamos perto de uma solução negociada que é a melhor saída
pra todos, para o SUS [Sistema Único de Saúde] e para a população
brasileira. Gostaríamos de ter um tempo para sentar com os
interessados”, disse.
A audiência pública da Comissão de Educação ouviu apenas
representantes do governo, mas o plenário ficou lotado de profissionais
da área de saúde contra e a favor do projeto. O ponto mais polêmico
citado pela coordenadora do Ministério da Saúde, Miraci Mendes, e por
integrantes do movimento contra a aprovação do texto é o trecho que
define como atividade exclusiva dos médicos o diagnóstico nosológico,
referente ao diagnóstico de sinais e sintomas das doenças.
Em contraponto, o membro da comissão criada no Conselho Federal de
Medicina (CFM) para acompanhar as discussões do Ato Médico, Dirceu
Sales, diz que os debates ocorridos ao longo dos dez anos de tramitação
do projeto foram suficientes. Ele também nega que o projeto vá
prejudicar profissionais de saúde que não são formados em medicina.
“Esse projeto completa 11 anos de tramitação em fevereiro do ano que
vem. Já ocorreram 23 audiências públicas, reuniões setoriais. O
diagnóstico nosológico sempre foi de atribuição do médico. Eles [outros
profissionais da saúde] fazem o diagnóstico psicológico, nutricional e
que está contemplado no projeto”, disse.
A representante da Frente Mineira em Defesa da Saúde, que reúne
conselhos e sindicatos de Minas Gerais em áreas como nutrição,
fonoaudiologia e enfermagem, Lourdes Machado, acompanhou os debates da
audiência e defende que ocorra uma mudança no trecho do texto onde se
registra “são atividades privativas do médico a formulação do
diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica”.
“Defendemos que seja colocado o termo 'diagnóstico médico' no lugar
de 'diagnóstico nosológico'. Se trocarmos esse termo temos consenso. Não
somos contra a regulamentação da medicina, mas o diagnóstico nosológico
pode ser feito por qualquer profissional de saúde e no momento que
mantém essa palavra superempodera uma profissão”, explica Lourdes.
Após a audiência pública, a Comissão de Educação aprovou parecer
favorável ao substitutivo da Câmara ao projeto de lei do Senado. A
comissão manteve o texto já aprovado na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado, que segue para análise da Comissão de Assuntos
Sociais antes de ir ao plenário. O passo seguinte é a sanção
presidencial.
Edição: Fábio Massalli
Extraído: Agência Brasil
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