Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 34,6 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos
usadas nas propriedades rurais do país, entre janeiro e novembro deste
ano, foram tratadas adequadamente e até reaproveitadas. O volume é 8%
maior do que o levantado pelo Sistema Campo Limpo, no mesmo período de
2011.
“Isso mostra que o sistema atingiu a maturidade e se tornou uma
rotina na cadeia de produção”, avaliou João Cesar Rando, presidente do
Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV),
formado por 95 empresas e dez instituições de outros segmentos. O Brasil
é um dos líderes dessa cadeia de reciclagem e, segundo dados da
entidade, 80% do volume total de embalagens colocadas no mercado são
recolhidos e tratados adequadamente. Ainda assim, o sistema não alcança
todo o país.
Desde que a logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos se
tornou obrigatória – há dez anos – agricultores, fabricantes e
comerciantes se organizaram para atender às novas regras. Pelo sistema,
cada agente da cadeia produtiva assume algumas responsabilidades para
cumprir as determinações previstas na Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
Enquanto os consumidores se comprometem a devolver as embalagens
após o uso dos defensivos, o comércio fica obrigado a receber e
armazenar essas embalagens. As indústrias têm o compromisso de tratar o
material e transformar as embalagens em novas ou em outros produtos como
conduítes (tubos de ferro ou plástico) usados na construção civil.
“Há um crescimento do mercado agrícola, com mais produção e maior
uso de tecnologia, com isso está aumentando o volume de embalagens pós
consumo”, explicou Rando, ao destacar que o volume totalizado nos 11
meses deste ano mostra que o agricultor das regiões produtoras têm
respondido proporcionalmente ao incremento da atividade.
Rando explica que as unidades de recebimento e o processo de
recolhimento e transformação estão concentradas nas regiões onde a
agricultura é mais intensa, mas reconhece que é preciso ampliar as
medidas para outros estados, com modelos diferenciados. “Estamos na fase
de sintonia fina. Em alguns estados, onde a agricultura é menos
expressiva, há sempre um trabalho de melhoria a se fazer para buscar um
comprometimento maior dos agricultores e revendedores”, disse.
Segundo ele, as empresas têm estudado alguns modelos para que a cadeia
de reciclagem de embalagens chegue a essas regiões, como muitos estados
da Amazônia brasileira. “Não há regiões que tenham problemas tão sérios
que precisem ser priorizadas, mas [atuamos] onde podemos criar
mecanismos que ajudem a melhorar o índice de retirada dessas embalagens
do campo, que pode se tornar até um problema de saúde pública”,
acrescentou.
A tendência é que os fabricantes estabeleçam uma espécie de
calendário para essas regiões, definindo um período fixo para o
recolhimento dos resíduos. “Isso atenderia a regiões de horticulturas,
por exemplo, que, geralmente, estão mais afastadas”, explicou. A
intenção dos responsáveis pela logística reversa é estimular o
envolvimento desses produtores menos habituados à prática a partir de
campanhas educativas.
Edição: Talita Cavalcante
Extraído da Agência Brasil
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